“A partir de hoje, será a política oficial do governo dos Estados Unidos que existem apenas dois gêneros, masculino e feminino”. 

Esta frase foi um dos pontos mais notados do discurso de posse de Trump para seu novo mandato à frente da presidência dos EUA. Mas será mesmo que um presidente pode, pela via do direito, regular a intimidade e a vida privada? Ou há aí um fetiche da norma que, de modo autoritário, quer encaixar a complexidade da vida nos limites estreitos de um decreto? 

Ainda mais com este filme. Ainda Estou Aqui é um retrato único da ditadura brasileira, vista pelo interior de uma família. É o olhar sensível, sofrido e corajoso de uma mulher e de suas filhas e filho sobre o sumiço do marido e pai Rubens Paiva por ação de agentes do Estado brasileiro em 1971. O filme é uma denúncia sobre quão perverso é um regime autoritário. Mais do que isso, é um alerta, de grande circulação hoje no Brasil e no mundo, sobre os riscos de retorno desse tipo de regime.

Por um lado, estamos anestesiados - e infelizmente já vacinados - sobre possíveis vitórias eleitorais da extrema-direita. Não há mais tanta surpresa. A lista vai ficando cada vez mais longa de Trumps, Bolsonaros e Mileis. De outro lado, a subjetividade calejada não neutraliza o gosto amargo das nossas derrotas e, mais do que isso, da nossa perplexidade e falta de horizonte.

Segundo dados compilados pelo Vote LGBT e pela ANTRA, 225 pessoas LGBTQIAPN+ foram eleitas em 190 cidades de 22 estados. É a maior participação já registrada, um aumento de 130% em relação ao pleito de 2020. 

Tivemos ontem a notícia tão aguardada da aprovação no Conselho Universitário da política de ação afirmativa para pessoas trans na Unifesp, instituição em que sou docente e coordenador do Núcleo TransUnifesp.

Tô emocionado demais em ver nossa instituição, uma das principais universidades do país, tomando essa decisão tão importante para reparar historicamente a população trans. 

Estamos chegando em junho, talvez o mês de maior simbolismo para o movimento de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e intersexo (LGBTI+). Todo junho, pelo mundo afora, pessoas se reúnem para celebrar, de diferentes maneiras, o orgulho das múltiplas orientações sexuais e identidades de gênero. Temos Paradas do Orgulho LGBTI+, lançamentos de livros e filmes, empresas convidando pessoas para ações de conscientização e de sensibilização.

Depois do susto, neste mês de outubro, com a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, que aprovou um projeto de lei que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seguimos refletindo sobre a precaridade da cidadania LGBTI+ em nosso país.

Legislativo vai na contramão dos avanços globais e elege como prioridade manutenção de violências e destruição de famílias.

A luta pela laicização do casamento e a ampliação da conjugalidade para pessoas do mesmo sexo é bastante antiga e uma das primeiras reivindicações formuladas pelo ativismo LGBTI+.

No Brasil, ela já aparece aparece na origem do movimento, ainda sob a ditadura de 1964…

Não são poucas as vezes em que ouvimos que heterossexuais e cisgêneros estariam se transformando em uma minoria por conta do avanço dos direitos LGBTI+. Algumas pessoas chegam até mesmo a clamar por um Dia do Orgulho Heterossexual ou Cisgênero diante de tantas mudanças que parecem afetar suas posições de privilégio.

Ainda que proferida, muitas vezes, em tom jocoso, tal discurso expressa…